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Audiência pública debate reativação da Malha Oeste entre SP e MS e conexão do Brasil com o Pacífico

Alternativa via Bolívia pode custar até 10 vezes menos que projeto original e ser concluída em menos tempo, segundo o Ministério das Relações Exteriores

A reativação da Ferrovia Malha Oeste, entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, foi debatida em audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande, nesta sexta-feira (15 de agosto). A audiência foi proposta pelo Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários de Bauru e apoiada pela Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários (FITF). Também foi discutida a reativação do corredor bioceânico.

No evento, destacou-se a importância destas duas obras - tanto para a população em geral quanto para os trabalhadores ferroviários - e para o desenvolvimento soberano do Brasil, traçando essa nova Rota da Seda.

Estiveram presentes representando a Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários (FITF) a coordenação, os companheiros Cleofas e Everaldo, do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários do Estado da Paraíba, e o companheiro Jerônimo Miranda Netto, do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias e Metroviárias do Litoral de Santa Catarina (SINDFEM/SC), além de outros sindicatos da base da malha oeste no estado de São Paulo.

Um dos destaques foi a possibilidade de conectar o Brasil ao Oceano Pacífico, por meio da Bolívia, até o Porto de Chancay, no Peru, de maneira rápida e econômica.

Segundo o ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores e coordenador nacional dos Corredores Rodoviário e Ferroviário Bioceânicos, João Carlos Parkinson de Castro, há diversas alternativas para chegar ao Porto de Chancay, no Peru.

"Uma alternativa que está se analisando é a extensão da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FIOL) com a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO), eventualmente ingresso em território peruano. Não há, neste momento, um consenso no governo peruano sobre qual seria o melhor traçado para chegar ao Porto de Chancay."

Conforme o ministro, o projeto é complexo, com previsão de oito anos de obras e custo estimado em 33 bilhões de dólares, conforme estudos da Transcontinental. No entanto, há uma alternativa mais rápida e barata via Bolívia.

“Outra alternativa, que me parece muito mais viável, é a integração com a Bolívia, em um trecho que está faltando na conexão entre Oruro e Cochabamba, o qual poderia ser construído com 2 a 3 bilhões de dólares. A partir daí, chega-se por Desaguadero ao porto de Ilo, no Pacífico, e, então, por cabotagem, podemos alcançar o porto de Chancay em menos tempo e muito mais barato."

Segundo Afonso Carneiro, engenheiro e especialista em transporte ferroviário, a inauguração do Porto de Chancay, realizada em 2024, pode tornar a ligação Atlântico-Pacífico um diferencial logístico para o Brasil, reduzindo em até 10 dias o tempo de transporte para a Ásia e economizando até 20% nos custos.

O estudo aponta que a rota pode aproveitar a infraestrutura da EF-265 (Santos-Corumbá) e a mesma bitola usada em países latino-americanos, permitindo o uso contínuo dos trens.

A reativação da Malha Oeste recupera cerca de 1.830 km de trilhos já existentes, evitando a construção de mais de 4.200 km de novos trechos. Outro benefício é que não atravessa a Floresta Amazônica, o que evita impactos ambientais e em áreas indígenas.

Com 1.973 km de extensão, a Malha Oeste liga Mairinque (SP) a Corumbá (MS). Sua reativação é vista como oportunidade para melhorar o escoamento da produção sul-mato-grossense, reduzir custos logísticos e impulsionar exportações para a Ásia, especialmente a China, via portos do Pacífico.

A audiência superou as expectativas, com destaque ao desempenho dos diretores Roberval e Marcão, do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários de Bauru e MS, pelo empenho e dedicação na construção e encaminhamento das decisões.

CBTU e TRENSURB - Como decisão da reunião do Recife, conversamos com José Dirceu (PT/SP) e solicitamos que ele fizesse uma ponte com o presidente Lula para tratarmos da retirada da CBTU e TRENSURB do PND. Lula estará em Recife na próxima semana, ocasião em que os companheiros Cleofas e Everaldo entregarão a ele o documento de construção do setorial do PT, revisado pelo companheiro Herbert e avalizado por nós, para José Dirceu. Mais do que nunca, "a luta continua, companheiros (as)!!!".

 

Com informações de G1 Mato Grosso do Sul, 15 de agosto de 2025

 

Brasil sai da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas

Novo relatório da OMS/Unicef, divulgado nesta segunda (15), mostra que número de crianças brasileiras que não receberam nenhuma dose da DTP caiu entre 2022 e 2023. Em 2021, Brasil ocupava o 7º lugar nesse ranking

O Brasil avançou na imunização infantil e conseguiu sair da lista dos 20 países com mais crianças não imunizadas no mundo. O dado faz parte das estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que, nesta segunda-feira (15/7), lançam novos dados sobre imunização infantil no mundo. Enquanto a maioria dos países não conseguiu alcançar as metas, o Brasil se destacou, mesmo após enfrentar quedas consecutivas nas coberturas vacinais desde 2016. Em 2023, no entanto, o Governo Federal, na gestão do presidente Lula, anunciou o Movimento Nacional pela Vacinação, com o objetivo de retomar a confiança da população na ciência, no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas vacinas.

O relatório da OMS/Unicef mostra que, no Brasil, o número de crianças que não receberam nenhuma dose da DTP1, que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche, caiu de 418 mil em 2022 para 103 mil em 2023. O número de crianças brasileiras que não receberam a DTP3 também caiu: de 846 mil em 2021 para 257 mil em 2023. No Brasil, a DTP é administrada pelo Programa Nacional de Imunizações, o PNI, como a Vacina Pentavalente.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, relembra que o Brasil começou a ver a perda de conquistas importantes do programa de vacinação, como a erradicação da varíola e a eliminação da circulação do vírus da poliomielite.


“Mas nós revertemos esse cenário. Em fevereiro de 2023, logo que assumimos a gestão, demos largada no Movimento Nacional pela Vacinação, um grande pacto para a retomada das coberturas vacinais. O Zé Gotinha viajou pelo Brasil, levando a mensagem de que vacinas salvam vidas. E hoje, com o reconhecimento da Unicef e da Organização Mundial da Saúde, confirmamos que o Brasil se destacou positivamente com a retomada das coberturas vacinais”, defende a ministra


“Tudo isso foi possível com o empenho e o trabalho dos profissionais da saúde e dos gestores estaduais e municipais. Nosso agradecimento a todos aqueles que se mobilizaram, que levaram as crianças para atualizar a caderneta de vacinação e que confiaram no Sistema Único de Saúde”, diz Nísia.

Os avanços brasileiros fizeram com que o país saísse do ranking dos 20 países com mais crianças não imunizadas do mundo. Em 2021, o Brasil ocupava o 7º lugar nesse ranking e, em 2023, ele não faz mais parte da lista. Foi justamente no ano passado que 13 das 16 principais vacinas do calendário infantil apresentaram aumento das suas coberturas vacinais em todo o Brasil, se comparadas às coberturas registradas em 2022.

Entre os destaques de crescimento estão: as vacinas contra a poliomielite (VIP e VOP), pentavalente, rotavírus, hepatite A, febre amarela, meningocócica C (1ª dose e reforço), pneumocócica 10 (1ª dose e reforço), tríplice viral (1ª e 2ª doses) e reforço da tríplice bacteriana (DTP).

Nos 13 imunizantes que apresentaram recuperação, a média de alta foi de 7,1 pontos percentuais, sendo que nacionalmente a que mais cresceu em cobertura foi o reforço da tríplice bacteriana, com 9,23 pontos, passando de 67,4% para 76,7%. Ao avaliar a cobertura vacinal entre os estados, a maioria apresenta melhoria na cobertura das 13 vacinas citadas.

O investimento para apoiar estados e municípios nessa estratégia também aumentou. Mais de R$ 6,5 bilhões foram investidos em 2023 na compra de imunizantes e a previsão é que esses recursos alcancem R$ 10,9 bilhões em 2024.

De forma inédita, R$ 150 milhões foram repassados por ano aos estados e municípios, em apoio às ações de imunização com foco no microplanejamento, ou seja, nas ações de comunicação regionalizadas. Para 2024, o mesmo valor está sendo destinado aos estados e municípios.

As ações de microplanejamento, método recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), consistem em diversas atividades com foco na realidade local, desde a definição da população alvo, escolha das vacinas, definição de datas e locais de vacinação, até a logística. A proposta é alinhar essas estratégias com gestores e lideranças locais para alcançar melhores resultados e melhorar as coberturas vacinais.

Essas iniciativas contribuem para que as metas de vacinação sejam atingidas. Entre as estratégias que podem ser adotadas com a estratégia de microplanejamento pelos municípios, estão a realização do Dia D de vacinação, busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de saúde, vacinação nas escolas, vacinação para além das unidades de saúde, checagem da caderneta de vacinação e intensificação da vacinação em áreas indígenas.

Novo sistema 

A atual gestão do Ministério da Saúde também promoveu uma mudança no painel de registro de aplicação das vacinas para dar mais transparência e agilidade aos dados. Até 2022, as vacinas de rotina tinham os registros de doses aplicadas inseridos em diversos sistemas de informação próprios dos estados, municípios e do Distrito Federal. Eles eram compilados pela pasta e apresentados por um painel na plataforma Tabnet, o chamado Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI web ou “Legado”).

A partir de 2023, todos os dados vacinais foram redirecionados para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), com as doses aplicadas atreladas a um número de Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cartão Nacional de Saúde (CNS). A reestruturação é uma reivindicação antiga do setor e migra os dados para um sistema mais abrangente, flexível e oportuno.

A novidade permitiu que a caderneta digital de vacinação se tornasse uma realidade. A partir da completa migração entre os sistemas, cada cidadão poderá consultar a própria situação vacinal online, por meio do Meu SUS Digital, como já acontece com as doses de vacinas da Covid-19.

Participação do Zé Gotinha 

O Ministério da Saúde tem incentivado, ainda, a participação do Zé Gotinha, ícone histórico da imunização e da defesa pela vida, em eventos por todo o Brasil. O personagem é considerado um aliado importante no processo de educação e combate às falsas notícias, pois conta com a confiança da população brasileira. O Zé Gotinha surgiu de um movimento dos países latino-americanos para a erradicação da poliomielite e se transformou no representante da imunização de crianças e adultos no Brasil.

Somente em 2023, Zé Gotinha marcou presença, por exemplo, no início da campanha de multivacinação no Pará, no Amazonas, no Amapá e no Maranhão. Ele subiu no Cristo Redentor, andou de Bondinho no Pão de Açúcar, participou da Bienal do Livro e visitou a comunidade de Manguinhos quando esteve no Rio de Janeiro (RJ). Também esteve na Caravana Federativa, na Bahia, na Parada LGBTQIAP+, em São Paulo e no Congresso do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), em Goiás.

Na capital federal, Zé Gotinha lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, desfilou no 7 de setembro, no caminhão dos bombeiros, em homenagem ao trabalho indispensável dos trabalhadores da saúde, participou da Marcha das Margaridas e da 17ª Conferência Nacional de Saúde. Zé conheceu ainda o Buda gigante na serra do Espírito Santo e recebeu, em Minas Gerais, em um ritual do povo Maxakali, o adereço de maior simbologia dentro da cultura indígena: o cocar.

Novo programa 

O Governo Federal também lançou, em 2023, o programa Saúde com Ciência, uma iniciativa inédita em defesa da vacinação e voltada ao enfrentamento da desinformação. A proposta faz parte da estratégia para recuperar as altas coberturas vacinais do Brasil diante de um cenário de retrocesso. A propagação de fake news é um dos fatores que impacta na adesão da população às campanhas de imunização.

A estratégia interministerial é coordenada pelo Ministério da Saúde e pela Secretária de Comunicação Social da Presidência da República, com a parceria dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Ciência e Tecnologia e Inovação, e com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU), garantindo atuação em diferentes frentes.

Com o objetivo de fortalecer as políticas de saúde e a valorização do conhecimento científico, o Saúde com Ciência é composto por cinco pilares, que envolvem cooperação, comunicação estratégica, capacitação, análises e responsabilização. O programa prevê ainda ações para identificar e compreender o fenômeno da desinformação, promover informações íntegras e responder aos efeitos negativos das redes de desinformação em saúde de maneira preventiva.

Assim, a partir do acompanhamento e análise de fontes de dados relevantes de disseminação de informações falsas no ambiente digital, a meta é desenvolver ações para reduzir e mitigar o efeito negativo desses conteúdos que prejudicam a confiança da população na segurança das vacinas e que impactaram significativamente nas ações promovidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) nos últimos anos.

Resultados globais da OMS/UNICEF

Enquanto, no Brasil, houve avanços positivos, globalmente o cenário é diferente. O número de crianças que não receberam nenhuma dose da DPT1 aumentou de 13,9 milhões em 2022 para 14,5 milhões em 2023.

Com base em dados relatados pelos países, as estimativas da OMS e do Unicef sobre a cobertura nacional de imunização (Wuenic) fornecem o maior e mais abrangente conjunto de dados do mundo sobre tendências de imunização para vacinas contra 13 doenças administradas por meio de sistemas de saúde regulares – normalmente em clínicas, centros comunitários, serviços de alcance ou visitas de profissionais de saúde.

Fonte: Agência Gov.br, 15 de julho de 2024