Em Brasília, FITF discute demandas dos metroferroviários com membros da Presidência da República

Na manhã desta quarta-feira, dia 16, a Federação Interestadual dos Ferroviários da CUT esteve na Secretaria Especial para o Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil da Presidência da República – SEPPI/CC/PR, em Brasília, em audiência com o titular da pasta, Marcus Cavalcanti.
Em pauta, assuntos de interesse da categoria, como a prorrogação antecipada da concessão das ferrovias nos Estados da Bahia e Sergipe; Marco Regulatório das Ferrovias e demandas relativas à CBTU nos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Pernambuco.
Estavam presentes o chefe da Assessoria Especial, Cleyton Barros, e o Secretário Adjunto de Infraestrutura Econômica, Adailton Dias.
Representaram a FITF/CNTTL/CUT nesta importante atividade Jerônimo Netto (Tubarão-SC), Paulino Moura (SINDIFERRO BA/SE), Manoel Cunha (SINDIFERRO BA/SE), José Cleófas (PARAÍBA), Roberval Placce (BAURU E MATO GROSSO DO SUL) e o advogado Herbert Moura.
Fonte: sindiferro.org.br

NEM: prazo para responder à Consulta Pública termina nesta quinta-feira, 6 de julho

CNTE pede maior adesão à consulta on-line para revogação do NEM. Entidade alerta que a participação de professores e alunos está menor que a dos gestores.

O Ministério da Educação encerra, nesta quinta-feira (6), o prazo para responder à consulta pública online sobre o Novo Ensino Médio (NEM). Iniciada em 24 de abril de 2023, a pesquisa teve, até o momento, 10.421 contribuições recebidas pela Plataforma Participa + Brasil.

Desde o dia 15 de junho, há, também, a opção de se manifestar por meio do WhatsApp ou enviando mensagem diretamente para o telefone (11) 97715-4092.

Segundo o MEC, a Consulta Pública  tem como objetivo ouvir a sociedade e a comunidade educacional para a coleta de informações que "possibilitarão a tomada de decisões pelo Ministério sobre os atos normativos que regulamentam o ensino médio. Espera-se obter insights valiosos que contribuam para a construção de uma política educacional mais adequada às necessidades e expectativas da comunidade escolar”.

Na segunda-feira(3), durante sua participação no último ciclo de debates sobre a reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio, promovido pelo MEC, o presidente da CNTE, Heleno Araújo,  apresentou documento sobre o NEM,  formulado pelo Fórum Nacional de Educação (FNE).

O material identifica questões como os desafios da formação da juventude, do acesso à escola, da escolha entre estudar e trabalhar, da qualificação profissional e da precarização dos sistemas de ensino escolar.

“Esses são os desafios que apresentamos neste documento, na perspectiva de superar nesse debate que estamos fazendo. Desejo que as propostas aqui apresentadas sejam, de fato, consideradas para a gente repensar e garantir um ensino médio de qualidade para a nossa juventude”, afirmou Heleno.

O Secretário de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino do MEC, Maurício Holanda Maia, destacou que durante os quatro meses de consulta encontrou pontos de convergência e divergência.

"Temos partido de um solo firme para construir as diretrizes e os consensos que nos permitirão ir adiante no aperfeiçoamento da implementação do ensino médio do ponto que nós encontramos hoje para, em momento oportuno, abrir o debate sobre as necessidades de alterações legais”, explicou.

REVOGA JÁ

O NEM, para a CNTE, não cumpriu a proposta de trazer um caráter mais dinâmico às escolas e não ofereceu alternativas aos estudantes que buscam uma preparação voltada ao ingresso no mercado de trabalho.

A CNTE argumenta que a reorganização curricular das escolas trouxe graves problemas aos profissionais da educação e a milhares de estudantes ao reduzir disciplinas básicas como Física, Química e Biologia e introduzir os itinerários formativos como forma de ampliar o acesso do setor privado aos recursos públicos.

O Conselho Nacional de Entidades da CNTE aprovou recomendação aos trabalhadores/as, alunos/as, funcionários/as das escolas para discordarem de todas as 11 perguntas do formulário do MEC. Clique aqui para ler as orientações da Confederação.

Audiência pública repudia PEC que impede mudança da letra do Hino Riograndense

Letra do hino do estado do Rio Grande do Sul possui o verso racista “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”

A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, da Assembleia Legislativa, promoveu uma audiência pública para debater a letra do Hino Riograndense, que possui o verso racista “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”.

O encontro, proposto pela deputada Bruna Rodrigues (PCdoB), lotou o Plenarinho, no início da noite desta segunda-feira (3), com a participação de ativistas do movimento negro, historiadores, sindicalistas e militantes dos movimentos antirracista e antifascista, dentre outros.

O debate, coordenado pela presidente da Comissão, deputada Laura Sito (PT), ocorreu na véspera da votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 295/2023, que institui a imutabilidade dos símbolos do Rio Grande do Sul. A sessão plenária começa às 14h desta terça-feira (4).

Bancada Negra e entidades defendem rejeição da PEC

Deputados e entidades que representam o povo negro defenderam a rejeição da PEC, apresentada pelo deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) e outros 19 parlamentares, e a realização de um amplo debate com toda a sociedade gaúcha sobre a alteração da letra do hino.

“O pano de fundo desta proposta é a chegada da bancada negra na Assembleia Legislativa. Sempre estivemos neste território, servindo e limpando. Mas pela primeira vez, numa bancada. E isso desacomoda os que sempre dominaram este espaço. A PEC é uma forma de dizer que este não é o nosso lugar”, afirmou Bruna, que junto com Laura Sito e o deputado Mateus Gomes (PSOL) integra a primeira Bancada Negra no parlamento gaúcho.

Laura Sito frisou que a Constituição Estadual já protege os símbolos gaúchos. Ela ressaltou que o movimento não é contra a tradição cultural gaúcha, mas que o povo negro tem o direito de ter “nos símbolos do estado sua dignidade garantida”.

“Estamos diante da PEC do cala a boca; de uma clara tentativa de impedir que façamos este debate”, criticou Laura.

Já o deputado Mateus Gomes lembrou que nenhum país democrático tornou seus símbolos imutáveis e que há inúmeros exemplos de alterações no decorrer da história. “A PEC desvaloriza a contribuição de nosso povo para a cultura gaúcha e busca apagar a presença dos negros na história do Rio Grande do Sul”, sintetizou.

Ele defendeu a rejeição da PEC e a aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 2/2021, de autoria do deputado Luiz Marenco (PDT), que exige a realização de um referendo para alteração dos símbolos do RS.

Estrofe racista não representa povo negro

A secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia, ressaltou a importância da bancada negra no parlamento gaúcho. “Nós agora temos de fato representatividade na Assembleia. Ninguém mais vai decidir por nós, pelo povo preto. Nós temos uma bancada que nos representa e sabe quais são as pautas pertinentes e estratégias para melhorar as nossas relações nessa sociedade tão desigual.”

Para Isis, “o hino é uma narrativa que vai nos acompanhando desde a idade da infância e é mais do que pertinente e urgente a mudança dessa estrofe, que não nos representa e não traz a realidade do nosso povo e o valor do nosso povo”.

Aspectos históricos do hino

O ex-deputado e historiador Raul Carrion sustentou que, caso a PEC seja aprovada, haverá espaço para que o resultado seja questionado na Justiça. Segundo ele, o hino a que a PEC se refere não é o verdadeiro, criado para comemorar a vitória dos farroupilhas na Batalha de Rio Pardo, em 1838.

O hino, que já é protegido pela Constituição, de acordo com Carrion, é o Hino Nacional (da República Farroupilha), publicado no jornal O Povo, em 4 de maio de 1839. A versão, conforme Carrion, não contém o verso considerado racista.

Ele lembrou que a letra atual foi escrita pelo poeta Francisco Pinto da Fontoura, mais conhecido como Chiquinho da Vovó, tendo sido escolhida para o hino em 1935, durante os festejos dos 100 anos da Revolução Farroupilha.

O historiador Rivair Macedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), elaborou um parecer para o Conselho de Desenvolvimento do Povo Negro em que sustenta que os símbolos têm a função de produzir adesão e coesão social. E, quando isto não acontece, eles devem ser repensados.

Sobre a letra do hino, Macedo argumentou que o debate não se restringe apenas à conjuntura do século 19, quando foi elaborada, mas à perpetuação de uma linguagem senhorial e escravocrata na atualidade.

O jornalista, historiador e escritor Juremir Machado da Silva, disse que a polêmica acerca do hino consta no seu livro “História Regional da Infâmia”. Para ele, “é uma letra ofensiva que faz, de todos aqueles que foram escravizados, covardes e pessoas que não tem virtude”.

“Não vejo nenhuma razão para não alterar a letra. Por que continuar fazendo do hino algo que é para ser motivo de orgulho uma maneira de ofender os valorosos negros que lutaram com os farroupilhas e foram traídos no Massacre de Porongos? Acho que já é hora de mudar. Nada na história precisa ser permanente”, falou Juremir.

PAULO GARCIAPaulo Garcia

Mudança da letra é uma reparação histórica

A audiência foi marcada por manifestações de dezenas de representantes de entidades da sociedade civil, inclusive, da presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Ilda Borba Goulart.

Ela disse que o MTG está disposto a ser parceiro do debate sobre a mudança do hino, desde que seja baseada num estudo aprofundado do tema por historiadores, músicos e letristas. “Prezamos pela democracia e pelo aperfeiçoamento de nossa cultura”, declarou.

Para a representante da Frente Negra Gaúcha, Maria Helena dos Santos, “a mudança do trecho racista do hino é uma questão de reparação história” e deve ser discutida com toda a população gaúcha.

A integrante da Sociedade Brasileira do Direito Antidiscriminatório, Eduarda Garcia, acrescentou que a letra funciona como “um gatilho cognitivo em qualquer contexto, pois o único povo escravizado e traído no Rio Grande do Sul foi o povo negro”. Ela enfatizou que a letra do hino “submete negros e negras a constrangimento ilegal”, motivo pelo qual não se levantam mais durante sua execução.

Já o representante do Instituto de Acesso à Justiça, Cleidson Renato, afirmou que parcela significativa da população gaúcha se sente ofendida pelo Hino Riograndense e que não há “tradição horrorosa que não possa ser mudada”. Ele citou exemplos de alterações de símbolos que ocorreram em Ouro Preto, Austrália e Mississipi.

No final da audiência, foi apresentado um vídeo com a gravação do trecho do hino modificado, a partir de proposta do poeta e professor Oliveira Silveira. Na nova versão, o verso racista foi substituído por “povo que é lança e virtude, a clava quer ver escravo”.

Veja a lista dos 20 deputados que assinam a PEC

Rodrigo Lorenzoni (PL)

Marcus Vinicius Almeida (PP)

Paparico Bacchi (PL)

Capitão Martim Andreani (Republicanos)

Guilherme Pasin (PP)

Delegado Rodrigo Zucco (Republicanos)

Claudio Tatsch (PL)

Eliana Bayer (Republicanos)

Gustavo Victorino (Republicanos)

Adriana Lara (PL)

Gaúcho da Geral (PSD)

Felipe Camozzato (Novo)

Claudio Branchieri (Podemos)

Kelly Moraes (PL)

Sergio Peres (Republicanos)

Joel Wilhelm (PP)

Issur Koch (PP)

Elizandro Sabino (PTB)

Frederico Antunes (PP)

Airton Lima (Podemos)

Assista à transmissão da TV Assembleia

 

* com Olga Arnt – AL/RS

 

Decisão do STF sobre o piso nacional prejudica enfermagem

Secretário da CNTSS diz que Supremo pode dificultar pagamento e ampliar exploração da categoria com elevação da jornada de trabalho;

Ao encerrar o julgamento sobre o pagamento do piso nacional da enfermagem, no último dia 30 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) mais prejudicou do que ajudou ao interferir em questões que cabem ao Congresso Nacional.

A avaliação é do Secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), Sandro de Oliveira, que ao analisar a atuação da Corte, aponta que o Supremo validou medidas capazes de permitir a ampliação da jornada de trabalho e deixar no limbo as regras sobre o pagamento do piso.

As regras para o piso da enfermagem foram aprovadas pelo Congresso Nacional em agosto de 2022, a partir do o Projeto de Lei (PL) nº 2564/2020, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), definindo os valores dos salários em R$ 4.750 para os enfermeiros, R$ 3.325 aos técnicos de enfermagem e R$ 2.375 aos auxiliares de enfermagem e parteiras. O PL foi sancionado no mesmo mês pelo ex-presidente inelegível, Jair Bolsonaro (PL), tornando-se a Lei nº 14.434.

Confusão no Supremo

O que seria uma vitória para os cerca de três milhões de profissionais de enfermagem do país, tomou outros rumos com a interferência do ministro do STF, Luís Roberto Barroso, que um mês depois da lei sancionada, acatou uma ação promovida por organizações patronais e concedeu liminar para suspender a aplicação. A alegação foi de que o Congresso não apontou a fonte dos recursos, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Em maio deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva liberou R$ 7,3 bilhões para estados e municípios cumprirem com o compromisso, mas o caso seguiu em julgamento.

Somente agora os ministros estabeleceram que a União deve pagar o que foi definido na lei, mas indicou alguns critérios para isso. Em relação ao setor público, a transferência de verbas por parte de municípios pode ocorrer nos limites de valores repassados pela União e esse é o primeiro ponto a ser criticado pelo secretário da CNTSS, Sandro de Oliveira.

“O julgamento não deixou claro como o pagamento ocorrerá se não houver recursos suficientes enquanto a União não repassar. A suplementação dos recursos dependeria de emenda parlamentar, por exemplo, e os deputados não vão tirar dinheiro que podem direcionar a obras para pagar o piso da enfermagem”, avaliou.

A respeito do setor privado, a Corte apontou que o pagamento está sujeito a acordo coletivo e que a norma será referência quando não houver consenso. A aplicação da medida, porém, acontecerá somente após 60 dias da publicação do resultado do julgamento, ainda que as negociações ocorram antes do prazo.

“Numa negociação entre patrão e empregado, o lado mais fraco, sabemos, é sempre o empregado e isso afetará certamente os valores e quando serão recebidos”, alerta o dirigente.

Jornada de trabalho

Outro aspecto destacado pela confederação é o tempo trabalhado. A CNTSS ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) por entender que, ao estabelecer a possibilidade de acordo individual para definir a jornada de 36 horas trabalhadas por 12 horas de descanso (comum no setor da enfermagem), a reforma Trabalhista implementada pelo governo do golpista Michel Temer (MDB), em 2017, fere a Constituição.

Porém, o STF afirmou que o artigo 7º da Carta Magna não proíbe, mas estabelece que a jornada de oito horas diárias ou 44 horas semanais possa ser compensada conforme acordo ou negociação coletiva. Portanto, não demandaria a intervenção dos sindicatos, conforme pleiteou a entidade como forma de proteger o trabalhador.

Além disso, ficou definido que o pagamento do piso salarial é proporcional à carga horária de oito horas diárias e 44 horas semanais de trabalho e que jornadas inferiores a isso resultarão na redução do piso.

“Imagina como ficará no setor público onde as pessoas praticam jornadas de 30 horas, o que acontecerá? Imediatamente, teremos a ampliação do tempo de trabalho”, pontua o secretário da CNTSS.

Próximos passos

Segundo Sandro, ao inserir aspectos não previsto na lei, o Supremo interferiu no papel que cabe ao Congresso e estabeleceu uma insegurança jurídica. Apesar disso, o movimento sindical irá cobrar que o piso seja aplicado imediatamente e seguirá em luta para que leve em conta o vencimento-base dos profissionais da enfermagem e que as jornadas já vigentes sejam respeitadas nos municípios, estados e pela União.

A expectativa para mudança por parte de confederações, federações e sindicatos é que os grupos de trabalho definidos para discutir com o governo questões trabalhistas, possam alterar aspectos da reforma que representam retrocesso para a classe trabalhadora.

“Vamos tentar construir no debate que os sindicatos estão fazendo com o governo mudanças para reequilibrar o jogo, porque toda vez que o STF foi chamado para se pronunciar sobre matérias trabalhistas, sempre nos prejudicou”, conclui o dirigente da CNTSS.