SINDIFERRO: Ferroviários rejeitam proposta de ACT da FCA/VLI

Com base no processo democrático, a categoria dos ferroviários da Bahia e Sergipe, base do SINDIFERRO, rejeitou, em sua maioria (61,79%), a proposta final para celebração do Acordo Coletivo de Trabalho 2023/2024 dos
trabalhadores da FCA/VLI.

Ao todo, foram 5 dias de viagens, transformadas em 14 Assembleias Gerais e Extraordinárias, nas bases localizadas nas cidades baianas de Simões Filho, Santo Amaro, Alagoinhas, Conceição da Feira, Petim, Serrinha, Santaluz, Itiúba, Senhor do Bonfim, Iaçu, Contendas do Sincorá, Licínio de Almeida e Brumado - incluindo a estação de Catiboaba, e mais a cidade de Aracaju-SE.

Os trabalhadores deram a resposta nas urnas e rechaçaram a proposta humilhante da empresa, que retira direitos conquistados há mais de vinte anos, além de conceder benefícios a alguns e não a outros, criando um clima de animosidade entre trabalhadores mais novos e mais antigos, entre o que ganham mais e os que ganham
menos.

Além disso, a proposta patronal impõe cláusulas que são ainda piores que as alterações realizadas na CLT com
a antirreforma trabalhista de Temer, aprovada pelo Congresso Nacional após o golpe de 2016.

Assim, o cenário é grave e tem gerado insatisfação. As nossas perdas nos últimos anos representam em torno 30%, e o que reivindicamos é reajuste salarial acima da inflação com expressivo ganho real, e não as migalhas oferecidas pela empresa.

O sindicato reivindica um reajuste salarial não apenas para preservar o nosso poder aquisitivo, mas também para aumentá-lo. Assim, além da empresa não conceder ganho real, excluiu muitos trabalhadores do reajuste
através da velha conversa do escalonamento.

Esse é o retrato da situação enfrentada pela categoria hoje. E de nossa parte, o papel foi cumprido. Nosso objetivo é justamente evitar que os salários dos trabalhadores fiquem defasados financeiramente por conta da inflação.

Após a eleição, em 10 de novembro, encaminhamos a Carta nº 124 à Ferrovia Centro Atlântica S.A. para informar o resultado das assembleias, e nossa pretensão em reabrir a negociação coletiva.

Organizar e lutar são as únicas saídas de impedir que o futuro de barbárie que imperialismo reserva destrua a força de trabalho e os nossos direitos.

Nessa conjuntura, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizou o seu 14º Congresso Nacional nos dias 19 a 22 de outubro, e aprovou, por unanimidade, a proposta dos congressos estaduais, de realização da Marcha a Brasília com indicação para o primeiro semestre de 2024, sendo o 1º de maio uma possibilidade.

Portanto, é necessária a unidade dos organismos da classe trabalhadora, organizados em seus sindicatos, para conjuntamente retomar os direitos que lhe foram roubados desde a reforma trabalhista, e que de certa
medida dão escora para a empresa empurrar de goela abaixo as cláusulas que retiram direitos e/ou exploram ainda mais de maneira brutal os ferroviários.

Fonte: Sindiferro

Projeto de lei visa trazer mais dignidade aos ferroviários aposentados

Boas notícias a todos os ferroviários do Brasil: foi aprovado, nesta quarta-feira, dia 25 de outubro, na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, a sugestão de um Projeto de Lei que vai beneficiar a todos os trabalhadores em ferrovias. Com a aprovação, agora a sugestão virou projeto de lei. Trata-se de uma alteração na lei nº 9.186, de 21 de maio de 1991, da Complementação de Aposentadoria.

O projeto é de autoria do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários e Metroviários da Bahia e de Sergipe, e o relator foi o deputado federal Joseildo Ramos (PT-BA).

Este projeto de lei pretende alterar a Lei nº 8.186, de 21 de maio de 1991 para estender aos ferroviários da Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA e que, posteriormente, passaram para outra empresa ferroviária pública federal, estadual ou municipal, ou empresa privada, de transporte ferroviário, inclusive as concessionárias, através de sucessão trabalhista, cessão ou transferência.

A Lei nº 8.186, de 21 de maio de 1991, garantiu aos ferroviários admitidos até 31 de outubro de 1969 pela RFFSA a complementação de aposentadoria, e, posteriormente, aos admitidos até 21 de maio de 1991, com o advento da Lei nº 10.478, de 28 de junho de 2002.

Justifica-se a proposta pela necessidade de esclarecer prováveis dúvidas ou equívocos de hermenêutica jurídica quanto à condição essencial de ferroviário, na data imediatamente anterior ao início da aposentadoria previdenciária, para a concessão da complementação de que trata esta lei, nos termos do art. 4º da Lei nº 8.186, de 21 de maio de 1991.

Com o texto anterior, corrige-se um problema histórico da técnica jurídica que dificultava ou impedia a aposentadoria de profissionais da classe.

De fato, a referida lei não obriga os ferroviários, na data imediatamente anterior ao início da aposentadoria previdenciária, estarem empregados da RFFSA, mas apenas estarem da “condição de ferroviários”. A nova redação dada ao art. 4º da Lei nº 8.186, de 21 de maio de 1991, justifica-se ainda pela necessidade de se dar tratamento isonômico aos empregados que foram admitidos em uma mesma empresa e na mesma situação, mas que por situação jurídica alheia à sua vontade e sem oportunidade de optar em permanecer da RFFSA, considerando que esta foi concedida, e, posteriormente, extinta, foram obrigados a migrar para outras empresas do transporte ferroviário.

A positivação na lei de regência traria muito mais segurança jurídica aos interessados.

O deputado Pedro Uczai (PT-SC) votou com o relator e destacou o processo de desconfiguração generalizada trazido com a privatização das ferrovias. “Desconfigurou-se não só o sistema ferroviário brasileiro, mas também o trabalhador ferroviário”. De acordo com o deputado catarinense, retomar o projeto das ferrovias é o caminho para o pleno crescimento do país. “Por ser um transporte mais barato, mais seguro e ambientalmente mais sustentável, por induzir o desenvolvimento nas regiões por onde passa. Inclusive ajudaria muito a desafogar nossas rodovias. E as primeiras vítimas do desmonte da malha ferroviária brasileira foram os trabalhadores da área. O direito de ser reconhecido como ferroviário e o direito à uma aposentadoria mais digna. Ferrovia não deveria ser vista como passado, como nostalgia, e sim como o futuro do nosso país”, observou Uczai.

O Presidente da Comissão irá designar quais as Comissões que o Projeto de Lei deverá tramitar de acordo com os critérios regimentais. De toda sorte consideramos uma grande vitória, e ainda contamos com apoio de outros deputados.

Envelhecimento da população altera taxa de ocupação no Brasil, indica estudo

O número de pessoas com mais de 60 anos ativos no mercado de trabalho representa 15% da população, índice muito próximo dos jovens no mercado de trabalho

O estudo da LCA Consultores divulgado pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (23) indica que o envelhecimento da população brasileira explica uma parte da queda da taxa de participação no mercado de trabalho após a pandemia. A taxa de desemprego está em queda no país, e ficou em 8% no segundo trimestre de 2023.

A taxa de participação mede a proporção de pessoas em idade de trabalhar (14 anos ou mais) que estão inseridas na força de trabalho como ocupadas com algum tipo de vaga ou desempregadas.

Segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), no segundo trimestre de 2023, o indicador era de 61,6% no Brasil.
Com o resultado, permanecia 2 pontos percentuais abaixo do quarto trimestre de 2019, antes da pandemia. À época, a taxa era de 63,6%.

A variação é explicada pela LCA como resultado da transição demográfica que o país já atravessa. A melhora nas condições de vida da população ajudam a explicar o sintoma.

Entre os aspectos socioeconômicos estão o impacto da Covid-19 sobre a antecipação de pedidos de aposentadorias, a melhora da situação econômica das famílias nos últimos trimestres (o que obrigaria menos jovens a procurar emprego) e a ampliação do Bolsa Família.

Envelhecimento da população

O envelhecimento da população foi apontado por Fausto Augusto Jr., diretor do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), como um dos maiores desafios dos governos e, principalmente, dos trabalhadores, durante sua fala no 14° CONCUT.

O número de pessoas com mais de 60 anos ativos no mercado de trabalho representa 15% da população, índice muito próximo dos jovens no mercado de trabalho.
Até 2050 o Brasil terá a sexta população mais velha do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Estamos envelhecendo rápido. Isso envolve recursos, direitos previdenciários. O que vamos assistir daqui, além das crianças em situação de rua, serão milhares de idosos em situação de rua. Pessoas que trabalharam a vida toda e que não terão o direito de se aposentar. Isso atinge especialmente as mulheres, muitas na economia do cuidado e que não terão sequer um salário mínimo na velhice”, afirmou o diretor do Dieese no congresso.

Ainda segundo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, a a LCA consultoria destaca que a parcela de 60 anos ou mais subiu de 17,4% para 19,1% da população em idade de trabalhar (14 anos ou mais), na comparação do quarto trimestre de 2019 com o segundo trimestre de 2023.

Em termos absolutos, essa camada passou de 29,4 milhões para 33,4 milhões no mesmo intervalo. A taxa de participação dos brasileiros com 60 anos ou mais recuou de 24% no quarto trimestre de 2019 para 23,3% no segundo trimestre de 2023.

 

Fonte: CUT Brasil, 23 de outubro de 2023

Começa o 14º CONCUT que debaterá os rumos da organização dos trabalhadores

Começou nesta quinta-feira (19) e segue até domingo (22), em São Paulo, o 14º Congresso Nacional da CUT (CONCUT). O Congresso é um importante marco para os sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores de todo o país, onde é debatido os temas que devem nortear a organização de trabalhadores nos próximos anos. O tema deste ano é “Luta, Direitos e Democracia que Transformam Vidas”.

É também no CONCUT que são aprovadas as resoluções políticas, organizativas e sindicais que orientam as ações da Central e suas entidades filiadas entre um evento e outro, e também quando é eleita a direção e executiva nacional.

O encontro, que também celebrará os 40 anos da CUT, completados em 28 de agosto de 2023, reunirá cerca de duas mil pessoas, entre delegadas e delegados sindicais de todos os estados e ramos, além de observadores e lideranças nacionais e internacionais. A CUT é a maior central sindical do Brasil e quinta maior do mundo, com 3,9 mil sindicatos e 7,9 milhões de trabalhadores em sua base.

O presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, afirmou recentemente ao PortalCUT,  que “o processo do Congresso e o debate interno fortalecerão a Central nos desafios que temos pela frente para garantir à classe trabalhadora vez e voz na construção de uma sociedade mais justa, que supere as desigualdades sociais, com geração de empregos de qualidade e ampliação dos direitos”.

“Ao realizar o 14° CONCUT, no ano em que a nossa Central celebra 40 anos de lutas e conquistas, reafirmamos o compromisso de continuar lutando na defesa intransigente dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora”, afirmou Sérgio Nobre.

Programação cultural 

Além dos debates em torno da conjuntura social, econômica e política, e de temas que vão desde o protagonismo da central na pauta dos trabalhadores até a construção de saídas para a desigualdade, o Congresso também é um momento de encontro e de trocas culturais e regionais.

Na sexta-feira (20), às 19h30, será feita a Premiação do Festival de Cultura e Prêmio CUT – Democracia e Liberdade Sempre. No evento haverá um pocket show da cantora Giovana Barbieri. No sábado (21), durante a festa dos 40 anos da central, quem se apresenta é o cantor Léo Maia.

Produções CUT 

Na sexta-feira (20), às 19h, haverá o evento de lançamento de publicações da CUT. Serão lançados o E-book 40 anos, o teaser do documentário sobre os 40 anos da Central, a revista dos 40 anos produzida pela CUT do Distrito Federal e o teaser do vídeo celebrativo produzido pela Secretaria de Mulheres da CUT do Distrito Federal.

Para além dos materiais feitos sob o marco dos 40 anos, será transmitido ainda um curta-metragem sobre a chamada transição energética justa, um debate que está sendo feito por sindicatos e movimentos populares do mundo inteiro, e que pretende colocar o trabalhador no centro da pauta ambiental.

Neste ano, o Fórum Sindical Internacional para uma Transição Social e Ecológica foi realizado em São Paulo, promovido e organizado pela CUT e inserido como parte dos eventos do CONCUT.

Também será lançado e distribuído o guia “Guardas Municipais e Direitos Humanos: uma aliança com garantia nas leis e nas boas práticas”, escrito por José Burato e Marcelo Buzetto, e produzido pela Secretaria Nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT. O guia faz parte de um projeto da CUT que visa à formação dos guardas civis municipais em direitos humanos e cidadania.

Mística 

Não faltará ao CONCUT a boa e fundamental mística. Para quem não está habituado com o espaço, a mística é um momento cultural que ocorre sempre no início de eventos, encontros, mobilizações, e tem o papel de fazer a conexão entre a arte e a realidade. A proposta é inspirada no pensamento do educador Paulo Freire, um defensor de que a formação deve partir da vivência, e dê conta, com isso, de ganhar “corações e mentes”.

Este ano, as místicas de todos os dias de CONCUT terão como tema central os 40 anos da CUT, trazendo ainda os principais eixos de debate do congresso para o momento.

“Esse é um momento de encantamento entre a realidade, a reflexão e a ação. A ideia é que a gente consiga emergir no debate, e fazer uma reflexão que aponte para a ação”, explica a secretária Nacional de Formação da CUT, Rosane Bertotti.

Fonte: Redação CNTTL

 

Outubro Rosa: faça sua parte, previna-se!

Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. A data, celebrada anualmente, tem o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. Lembramos que o câncer de mama pode sim ser curado - principalmente quando detectado numa fase inicial. Portanto, trabalhadora, programe-se e procure atendimento médico!

Em Tubarão (SC) haverá uma série de ações e atividades para ressaltar a importância da prevenção do câncer de mama e do colo do útero junto às mulheres. As unidades básicas de saúde irão abrir no período noturno para facilitar a realização do exame preventivo para as trabalhadoras (é importante conferir os horários e datas na unidade de saúde mais perto de você).

Para o próximo dia 21, um sábado, todas as Unidades de Saúde da cidade estarão abertas, das 8 às 17 horas, com agendamento prévio. Não perca tempo e agende seu horário!

Em Brasília, Federação trata de demandas dos metroferroviários

Na última segunda-feira, dia 4, dirigentes da Federação Interestadual dos Ferroviários da CUT (FITF) participaram de reunião plenária no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais – SEST. O encontro tratou de demandas de interesse da categoria metroferroviária.

Na oportunidade foram discutidos o histórico das negociações coletivas com a CBTU, questão da paridade/complementação e do Acordo Coletivo Especial, no que diz respeito à garantia dos empregos dos ferroviários lotados na CBTU, considerando a perspectiva de concessão para o Estado e a iniciativa privada.

Quanto à INFRA S.A. foi solicitada a análise pela SEST sobre o estudo realizado pela FAEF referente à tabela salarial dos empregados da extinta RFFSA absorvidos pela VALEC.

A 2ª audiência do dia em Brasília ocorreu no Ministério dos Transportes, com o Secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Cezar Ribeiro, e o diretor de Outorgas Ferroviárias Gustavo Gomes, além do chefe de gabinete substituto Jefferson Vasconcelos.

Na ocasião, foram discutidas as prorrogações antecipadas das Concessionárias: Ferrovia Centro-Atlântica S.A/VLI, Rumo Logística e Ferrovia Transnordestina Logística; a revitalização e modernização dos trechos ferroviários; a garantia dos empregos no processo de prorrogação antecipada das ferrovias, bem como sobre a participação na audiência pública a ser realizada no mês de setembro, onde os sindicatos serão convidados.

 

 

Fonte: Sindiferro (www.sindiferro.org.br), 04 de setembro de 2023

FITF reúne-se com Paulo Paim e assessores de Jaques Wagner

Diretores da Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários - FITF encontraram-se, nesta semana, com o senador Paulo Paim (PT), e realizaram uma reunião com a equipe de assessores técnicos do senador Jaques Wagner (PT).
Em ambas as oportunidades o tema tratado foi a CBTU e a renovação das concessões antecipadas, como por exemplo da FCA/VLI. Também discutiu-se sobre as resoluções da CBTU sobre a transferência de empregados para Brasília.

Em Brasília, FITF discute demandas dos metroferroviários com membros da Presidência da República

Na manhã desta quarta-feira, dia 16, a Federação Interestadual dos Ferroviários da CUT esteve na Secretaria Especial para o Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil da Presidência da República – SEPPI/CC/PR, em Brasília, em audiência com o titular da pasta, Marcus Cavalcanti.
Em pauta, assuntos de interesse da categoria, como a prorrogação antecipada da concessão das ferrovias nos Estados da Bahia e Sergipe; Marco Regulatório das Ferrovias e demandas relativas à CBTU nos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Pernambuco.
Estavam presentes o chefe da Assessoria Especial, Cleyton Barros, e o Secretário Adjunto de Infraestrutura Econômica, Adailton Dias.
Representaram a FITF/CNTTL/CUT nesta importante atividade Jerônimo Netto (Tubarão-SC), Paulino Moura (SINDIFERRO BA/SE), Manoel Cunha (SINDIFERRO BA/SE), José Cleófas (PARAÍBA), Roberval Placce (BAURU E MATO GROSSO DO SUL) e o advogado Herbert Moura.
Fonte: sindiferro.org.br

NEM: prazo para responder à Consulta Pública termina nesta quinta-feira, 6 de julho

CNTE pede maior adesão à consulta on-line para revogação do NEM. Entidade alerta que a participação de professores e alunos está menor que a dos gestores.

O Ministério da Educação encerra, nesta quinta-feira (6), o prazo para responder à consulta pública online sobre o Novo Ensino Médio (NEM). Iniciada em 24 de abril de 2023, a pesquisa teve, até o momento, 10.421 contribuições recebidas pela Plataforma Participa + Brasil.

Desde o dia 15 de junho, há, também, a opção de se manifestar por meio do WhatsApp ou enviando mensagem diretamente para o telefone (11) 97715-4092.

Segundo o MEC, a Consulta Pública  tem como objetivo ouvir a sociedade e a comunidade educacional para a coleta de informações que "possibilitarão a tomada de decisões pelo Ministério sobre os atos normativos que regulamentam o ensino médio. Espera-se obter insights valiosos que contribuam para a construção de uma política educacional mais adequada às necessidades e expectativas da comunidade escolar”.

Na segunda-feira(3), durante sua participação no último ciclo de debates sobre a reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio, promovido pelo MEC, o presidente da CNTE, Heleno Araújo,  apresentou documento sobre o NEM,  formulado pelo Fórum Nacional de Educação (FNE).

O material identifica questões como os desafios da formação da juventude, do acesso à escola, da escolha entre estudar e trabalhar, da qualificação profissional e da precarização dos sistemas de ensino escolar.

“Esses são os desafios que apresentamos neste documento, na perspectiva de superar nesse debate que estamos fazendo. Desejo que as propostas aqui apresentadas sejam, de fato, consideradas para a gente repensar e garantir um ensino médio de qualidade para a nossa juventude”, afirmou Heleno.

O Secretário de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino do MEC, Maurício Holanda Maia, destacou que durante os quatro meses de consulta encontrou pontos de convergência e divergência.

"Temos partido de um solo firme para construir as diretrizes e os consensos que nos permitirão ir adiante no aperfeiçoamento da implementação do ensino médio do ponto que nós encontramos hoje para, em momento oportuno, abrir o debate sobre as necessidades de alterações legais”, explicou.

REVOGA JÁ

O NEM, para a CNTE, não cumpriu a proposta de trazer um caráter mais dinâmico às escolas e não ofereceu alternativas aos estudantes que buscam uma preparação voltada ao ingresso no mercado de trabalho.

A CNTE argumenta que a reorganização curricular das escolas trouxe graves problemas aos profissionais da educação e a milhares de estudantes ao reduzir disciplinas básicas como Física, Química e Biologia e introduzir os itinerários formativos como forma de ampliar o acesso do setor privado aos recursos públicos.

O Conselho Nacional de Entidades da CNTE aprovou recomendação aos trabalhadores/as, alunos/as, funcionários/as das escolas para discordarem de todas as 11 perguntas do formulário do MEC. Clique aqui para ler as orientações da Confederação.

Audiência pública repudia PEC que impede mudança da letra do Hino Riograndense

Letra do hino do estado do Rio Grande do Sul possui o verso racista “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”

A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, da Assembleia Legislativa, promoveu uma audiência pública para debater a letra do Hino Riograndense, que possui o verso racista “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”.

O encontro, proposto pela deputada Bruna Rodrigues (PCdoB), lotou o Plenarinho, no início da noite desta segunda-feira (3), com a participação de ativistas do movimento negro, historiadores, sindicalistas e militantes dos movimentos antirracista e antifascista, dentre outros.

O debate, coordenado pela presidente da Comissão, deputada Laura Sito (PT), ocorreu na véspera da votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 295/2023, que institui a imutabilidade dos símbolos do Rio Grande do Sul. A sessão plenária começa às 14h desta terça-feira (4).

Bancada Negra e entidades defendem rejeição da PEC

Deputados e entidades que representam o povo negro defenderam a rejeição da PEC, apresentada pelo deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) e outros 19 parlamentares, e a realização de um amplo debate com toda a sociedade gaúcha sobre a alteração da letra do hino.

“O pano de fundo desta proposta é a chegada da bancada negra na Assembleia Legislativa. Sempre estivemos neste território, servindo e limpando. Mas pela primeira vez, numa bancada. E isso desacomoda os que sempre dominaram este espaço. A PEC é uma forma de dizer que este não é o nosso lugar”, afirmou Bruna, que junto com Laura Sito e o deputado Mateus Gomes (PSOL) integra a primeira Bancada Negra no parlamento gaúcho.

Laura Sito frisou que a Constituição Estadual já protege os símbolos gaúchos. Ela ressaltou que o movimento não é contra a tradição cultural gaúcha, mas que o povo negro tem o direito de ter “nos símbolos do estado sua dignidade garantida”.

“Estamos diante da PEC do cala a boca; de uma clara tentativa de impedir que façamos este debate”, criticou Laura.

Já o deputado Mateus Gomes lembrou que nenhum país democrático tornou seus símbolos imutáveis e que há inúmeros exemplos de alterações no decorrer da história. “A PEC desvaloriza a contribuição de nosso povo para a cultura gaúcha e busca apagar a presença dos negros na história do Rio Grande do Sul”, sintetizou.

Ele defendeu a rejeição da PEC e a aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 2/2021, de autoria do deputado Luiz Marenco (PDT), que exige a realização de um referendo para alteração dos símbolos do RS.

Estrofe racista não representa povo negro

A secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia, ressaltou a importância da bancada negra no parlamento gaúcho. “Nós agora temos de fato representatividade na Assembleia. Ninguém mais vai decidir por nós, pelo povo preto. Nós temos uma bancada que nos representa e sabe quais são as pautas pertinentes e estratégias para melhorar as nossas relações nessa sociedade tão desigual.”

Para Isis, “o hino é uma narrativa que vai nos acompanhando desde a idade da infância e é mais do que pertinente e urgente a mudança dessa estrofe, que não nos representa e não traz a realidade do nosso povo e o valor do nosso povo”.

Aspectos históricos do hino

O ex-deputado e historiador Raul Carrion sustentou que, caso a PEC seja aprovada, haverá espaço para que o resultado seja questionado na Justiça. Segundo ele, o hino a que a PEC se refere não é o verdadeiro, criado para comemorar a vitória dos farroupilhas na Batalha de Rio Pardo, em 1838.

O hino, que já é protegido pela Constituição, de acordo com Carrion, é o Hino Nacional (da República Farroupilha), publicado no jornal O Povo, em 4 de maio de 1839. A versão, conforme Carrion, não contém o verso considerado racista.

Ele lembrou que a letra atual foi escrita pelo poeta Francisco Pinto da Fontoura, mais conhecido como Chiquinho da Vovó, tendo sido escolhida para o hino em 1935, durante os festejos dos 100 anos da Revolução Farroupilha.

O historiador Rivair Macedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), elaborou um parecer para o Conselho de Desenvolvimento do Povo Negro em que sustenta que os símbolos têm a função de produzir adesão e coesão social. E, quando isto não acontece, eles devem ser repensados.

Sobre a letra do hino, Macedo argumentou que o debate não se restringe apenas à conjuntura do século 19, quando foi elaborada, mas à perpetuação de uma linguagem senhorial e escravocrata na atualidade.

O jornalista, historiador e escritor Juremir Machado da Silva, disse que a polêmica acerca do hino consta no seu livro “História Regional da Infâmia”. Para ele, “é uma letra ofensiva que faz, de todos aqueles que foram escravizados, covardes e pessoas que não tem virtude”.

“Não vejo nenhuma razão para não alterar a letra. Por que continuar fazendo do hino algo que é para ser motivo de orgulho uma maneira de ofender os valorosos negros que lutaram com os farroupilhas e foram traídos no Massacre de Porongos? Acho que já é hora de mudar. Nada na história precisa ser permanente”, falou Juremir.

PAULO GARCIAPaulo Garcia

Mudança da letra é uma reparação histórica

A audiência foi marcada por manifestações de dezenas de representantes de entidades da sociedade civil, inclusive, da presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Ilda Borba Goulart.

Ela disse que o MTG está disposto a ser parceiro do debate sobre a mudança do hino, desde que seja baseada num estudo aprofundado do tema por historiadores, músicos e letristas. “Prezamos pela democracia e pelo aperfeiçoamento de nossa cultura”, declarou.

Para a representante da Frente Negra Gaúcha, Maria Helena dos Santos, “a mudança do trecho racista do hino é uma questão de reparação história” e deve ser discutida com toda a população gaúcha.

A integrante da Sociedade Brasileira do Direito Antidiscriminatório, Eduarda Garcia, acrescentou que a letra funciona como “um gatilho cognitivo em qualquer contexto, pois o único povo escravizado e traído no Rio Grande do Sul foi o povo negro”. Ela enfatizou que a letra do hino “submete negros e negras a constrangimento ilegal”, motivo pelo qual não se levantam mais durante sua execução.

Já o representante do Instituto de Acesso à Justiça, Cleidson Renato, afirmou que parcela significativa da população gaúcha se sente ofendida pelo Hino Riograndense e que não há “tradição horrorosa que não possa ser mudada”. Ele citou exemplos de alterações de símbolos que ocorreram em Ouro Preto, Austrália e Mississipi.

No final da audiência, foi apresentado um vídeo com a gravação do trecho do hino modificado, a partir de proposta do poeta e professor Oliveira Silveira. Na nova versão, o verso racista foi substituído por “povo que é lança e virtude, a clava quer ver escravo”.

Veja a lista dos 20 deputados que assinam a PEC

Rodrigo Lorenzoni (PL)

Marcus Vinicius Almeida (PP)

Paparico Bacchi (PL)

Capitão Martim Andreani (Republicanos)

Guilherme Pasin (PP)

Delegado Rodrigo Zucco (Republicanos)

Claudio Tatsch (PL)

Eliana Bayer (Republicanos)

Gustavo Victorino (Republicanos)

Adriana Lara (PL)

Gaúcho da Geral (PSD)

Felipe Camozzato (Novo)

Claudio Branchieri (Podemos)

Kelly Moraes (PL)

Sergio Peres (Republicanos)

Joel Wilhelm (PP)

Issur Koch (PP)

Elizandro Sabino (PTB)

Frederico Antunes (PP)

Airton Lima (Podemos)

Assista à transmissão da TV Assembleia

 

* com Olga Arnt – AL/RS